STF colhe depoimentos em ações penais sobre trama golpista, mas maioria das testemunhas não comparece



Brasília (DF), 16 de julho de 2025 — Apenas cinco das 29 testemunhas de defesa previstas para depor nesta quarta-feira (16) em ações penais sobre a tentativa de golpe de Estado envolvendo aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro compareceram às audiências realizadas no Supremo Tribunal Federal (STF).

Desde a última segunda-feira (14), o STF realiza as oitivas de testemunhas nos processos que miram os núcleos 2 e 4 do chamado "complô golpista". As ausências têm marcado as sessões, e boa parte das testemunhas listadas para hoje não compareceu por diversos motivos, como dispensa concedida pelo relator das ações, ministro Alexandre de Moraes, ou solicitação das próprias defesas.

Entre os nomes inicialmente arrolados estavam políticos e militares de peso, como os filhos do ex-presidente, deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, além dos senadores Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Eduardo Girão (Novo-CE) e o ex-ministro Onyx Lorenzoni. Nenhum deles compareceu.

Uma das ausências mais notadas foi a do delegado Fábio Shor, da Polícia Federal, responsável pelas investigações que resultaram no indiciamento de 34 pessoas, incluindo o próprio Jair Bolsonaro. Inicialmente, Moraes acatou um pedido da defesa de Filipe Martins (réu do núcleo 2 e ex-assessor internacional de Bolsonaro) para remarcar o depoimento de Shor. No entanto, ao fim da audiência, o ministro ressaltou que cabe aos advogados levar as testemunhas à Justiça, sinalizando que o delegado não será intimado.
Apenas dois depoimentos no núcleo 2

No núcleo 2, apenas duas das 21 testemunhas convocadas prestaram depoimento: o senador Ciro Nogueira, ex-ministro da Casa Civil, e o general Gonçalves Dias, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Ambos disseram desconhecer os réus e afirmaram jamais ter ouvido qualquer plano de golpe vindo deles, sem apresentar novidades relevantes.
Avanço parcial no núcleo 3

Paralelamente, em audiência conduzida pela juíza auxiliar Luciana Sorretino, três das oito testemunhas do núcleo 3 prestaram depoimento. Entre elas, o secretário de Tecnologia da Informação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Julio Valente, que voltou a reafirmar a segurança das urnas eletrônicas e refutou teorias de fraude eleitoral promovidas por aliados do ex-presidente.
Fim das oitivas no núcleo 4

As audiências com testemunhas do núcleo 4 foram encerradas nesta quarta. As oitivas dos núcleos 2 e 3 continuam até o dia 23 de julho. Na sequência, os réus desses núcleos serão interrogados, em datas ainda não divulgadas pelo STF.

Confira quem são os réus envolvidos em cada núcleo:

Núcleo 2:


Filipe Martins (ex-assessor internacional da Presidência);


Marcelo Câmara (ex-assessor de Bolsonaro);


Silvinei Vasques (ex-diretor da PRF);


Mário Fernandes (general do Exército);


Marília de Alencar (ex-subsecretária de Segurança do DF);


Fernando de Sousa Oliveira (ex-secretário adjunto de Segurança do DF).

Núcleo 3:


Bernardo Romão Correa Netto (coronel do Exército);


Cleverson Ney Magalhães (tenente-coronel);


Estevam Theophilo (general);


Fabrício Moreira de Bastos (coronel);


Hélio Ferreira (tenente-coronel);


Márcio Nunes de Resende Júnior (coronel);


Nilton Diniz Rodrigues (general);


Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel);


Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel);


Ronald Ferreira de Araújo Júnior (tenente-coronel);


Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros (tenente-coronel);


Wladimir Matos Soares (policial federal).

Núcleo 4:


Ailton Gonçalves Moraes Barros (major da reserva do Exército);


Ângelo Martins Denicoli (major da reserva);


Giancarlo Gomes Rodrigues (subtenente);


Guilherme Marques de Almeida (tenente-coronel);


Reginaldo Vieira de Abreu (coronel);


Marcelo Araújo Bormevet (policial federal);


Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (presidente do Instituto Voto Legal).

A continuidade das audiências promete manter os holofotes voltados ao STF, enquanto avança o julgamento de uma das maiores investigações sobre ataques à democracia no Brasil desde a redemocratização.

Postar um comentário

0 Comentários